sábado, 14 de junho de 2014

Tributo Impróprio.


Lucas 7.36-48

Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento. Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados.

Quando ainda morava com meus pais, tinha dentre outras responsabilidades como filho, a de arrumar a casa “fazer faxina mesmo”. Recordo-me que uma das coisas que minha mãe mais gostava era que pusesse suas lindas cortinas floridas ou de rendas brancas, dividindo um ambiente do outro ou simplesmente abertas numa das paredes. Cortinas bem que podem ficar de canto, amarradas pelo meio por seus laços. Mas, nada como vê-las abertas de uma à outra ponta, transmitindo suas estampas e detalhes.
A partir deste entendimento e com o texto acima, podemos tirar algumas preciosas lições para aplicarmos a vida e ao relacionamento para com as pessoas. 


A primeira lição que Jesus nos leva a pensar é:
TRATE AO QUE ESTÁ VIVO, MELHOR DO QUE AO QUE ESTÁ MORTO. Embora já inserido ao ensinamento bíblico como o caso de Simão, sendo fariseu; percebe-se que a predominância em suas ações, era de práticas não bíblicas, culturais e contraditórias a fé que ele defendia ter. Jesus estava vivo e presente, portanto, merecia receber toda a atenção, respeito e presentes até dos mais caros! Contudo, parece que alguma tradição semelhante a que temos hoje, mais valorizava ao que estava morto do que ao que está vivo. Privando ao que estava vivo do melhor trato, dos privilégios que bem se poderia dar, dos presentes caros ou não; quando não mais está presente, quando a morte o tira é que se vê dentre os vivos, a consideração que não chegou a tempo, qualidade e intenção. Jesus sentiu isso na pele e, traz a tona ao que o hospedava que em vida é que se deve dar o melhor, e não após a sua morte!

A segunda lição que Jesus nos leva a pensar é:
O VERDADEIRO SENTIMENTO SE REVELA NA PRESENÇA. Embora Simão convidasse a Jesus para estar em sua casa e tomar com este uma refeição, o que podemos imaginar da cena é que o mesmo Simão fazia isso, com algumas reservas da pessoa de Jesus. Suas reservas são denunciadas por suas próprias ações, as quais Jesus expõe diante do mesmo.
Fico pensando no grande descompasso que há em ações e juras mil, oferecidas após a morte enquanto que em vida um simples perdão é negado. É com base nesse descompasso e pensamento de recusa por parte de Simão para com Jesus e a mulher, que suas ações são avaliadas e ora reprovadas, pois o maior pecado é também motivo do maior perdão.
Sinto que um erro cometido em vida com alguns é continuado após a morte destes. Não podemos mudar nada ao que morreu; nem agradá-lo, nem desagradá-lo mais. Eclesiastes 9.10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Portanto, tudo àquilo que não fez e não pode mais ao que já não está, faça-o ao que está! Ame, valorize, respeite e principalmente, perdoe! Jesus trás a tônica do que possibilita e ao mesmo tempo emperra os relacionamentos, a falta de perdão. Para os que partem com Cristo, nada aqui é melhor. Nada é atração! Nada mais os incentivaria a voltar, nem mesmo as promessas que você tem a oferecer! Ele já tem tudo de melhor e de mais verdadeiro que existe.
Reavalie suas ações e pensamentos para que em breve, não tenhas que repetir as mesmas promessas não cumpridas em vida, agora para com outro. Faça tudo que puder! No texto, temos o exemplo de uma mulher que prontamente se desprende e faz em vida, o que em morte não poderia fazer a Jesus, o Senhor aquém muito amava.

A terceira lição que Jesus nos leva a pensar é:
HOJE, NÃO AMANHÃ.
Há um tempo em curso na passagem que a cada minuto é menor. Um tempo que por essa característica é sobremodo valioso, o tempo da presença. Este é o tempo que devemos viver; o hoje! Como nos exorta outra passagem bíblica, o amanhã pertence a Deus, não a nós! Mateus 6.34
Àquela ocasião foi para a mulher aos pés de Jesus a melhor oportunidade de sua vida. Seus pecados foram perdoados, seu exemplo eternizado e a Jesus, ela o glorificou. Mas, a Simão se as palavras de Jesus foram reprováveis muito mais após a sua morte se tornou a consciência de Simão! Quantas coisas boas ela colheu num só momento e quantas ele perdeu? Muito mais que as descritas. Quantas coisas podemos também colher e quantas perder? É preciso seguir ao que Jesus destaca e ao que a mulher fez e não mais, ao que os pensamentos de Simão nos induzem a fazer.

Minha oração é que este devocional possa não só, mudar os seus pensamentos como as suas ações. Espero poder ouvir de sua vida exemplos memoráveis como os daquela mulher. Espero que as suspeitas não sejam mais fortes que as ações e que as diferenças e intrigas na vida, sejam suplantadas pelo perdão, amor e todo o bem que em vida, podemos fazer aos que ainda estão a nossa volta. Ame ao que está e não ao que se foi, embora o amor por esses tenha assumido uma qualidade diferenciada em nossos corações. Devemos abrir as cortinas do nosso coração para que as estampas e detalhes, sejam melhor vistos e apreciados por outros. Um coração fechado é como uma cortina fechada, não deixa de ser o que é, mas deixa de ser apreciado como deve ser. Deus o abençoe!